Brasão

A origem dos brasões coincide com o uso de torneios de cavalaria (séculos XI a XVII) e com a figura do arauto*  que os presidia. 

*Arauto: oficial designado para os tribunais dos soberanos e dos grandes senhores feudais e para as ordens de cavalaria (do franco hari-wald”Oficial do exército, homem de confiança do rei”). 

Inicialmente reservado às grandes dinastias e aos grandes senhores feudais, a utilização de brasões posteriormente foi estendida, com o uso nos torneios, à toda a nobreza feudal.
 
Durante os desfiles e procissões que antecediam um desafio, o arauto tinha a função de identificar os cavaleiros do próximo duelo, anunciando o nome, o título e dignidade de cada um deles ao público.  Irreconhecíveis pela armadura e pela viseira abaixada no rosto, a identificação era feita exclusivamente pelo brasão pintado no escudo e bordado no sobretudo da sela do cavalo.

De acordo com a comunidade heráldica internacional, os brasões são concedidos a pessoas, e não a famílias. O que existe é o brasão pessoal, que é passado de pais para seus filhos através de herança.


No quadro abaixo estão representados alguns dos principais brasões relacionados à família Ghisi.


Apesar da variedade de cores e formas, nota-se que o brasão vermelho com branco é o mais encontrado. Não se sabe exatamente qual o significado desse brasão, mas através de pesquisas em sites especializados em heráldica, podemos tentar interpretá-lo pelo significado de suas formas e cores.

Primeiramente, nota-se que o desenho é muito linear e simples, o que significa que é muito antigo (quanto mais velhos os brasões, menos figuras eles possuem em seu interior).

A sua forma é do tipo “Chevron”, que significa viga, representa o pé de uma casa, dando a ideia de proteção. Geralmente esta divisa era concedida àqueles que haviam participado de algum empreendimento notável, construíram igrejas ou fortalezas ou haviam realizado algum trabalho que exigia serviço fiel.

A cor vermelha refere-se ao sangue derramado na batalha, representa o valor, a audácia, a nobreza e o domínio. Esta também é a cor predominante da bandeira da Sereníssima República de Veneza.

As cores e formas do brasão também se assemelham aos trajes dos papas, conforme exemplos abaixo.

Considerando a história da família, que fazia parte da nobreza veneziana e realizou várias conquistas, entre elas, algumas ilhas gregas (Tinos, Mykonos, Skopelos, Skiathos e Skyros), pode ser que o desenho do brasão demonstre exatamente esta ideia, de uma família nobre, conquistadora, sobre a proteção da Sereníssima República de Veneza e divina.

Obs.: Há ainda algumas fontes que ligam essa forma de brasão a um manto de cavalheiro nobre.


Por fim, segue um livro de 1715, chamado Livro sobre Brasões de Armas da Europa, com o brasão da família Ghisi na página 196.

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Fontes: 
http://www.armoriale.it/wiki/Armoriale_delle_famiglie_italiane_(Ghi)
http://www.iagiforum.info
http://www.treccani.it/enciclopedia/araldica/
https://www.bandierevenete.it/bandiera_veneta.html
VINCENZO CORONELLI, Arme, Blasoni o Insegne gentilizie delle Famiglie Patritie esistenti nella Serenissima Republica di Venetia, Venezia, [tra 1694 e 1701]

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